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7.12.11

bumming around

estou lendo o livro que patti smith escreveu sobre a relação dela com robert mapplethorpe, just kids (em português só garotos). tou bem no comecinho, mas o pouco tempo já foi suficiente pra que eu sentisse tudo que se sente quando um livro verdadeiramente conquista. a simpatia que eu já tinha por ela e que só fez crescer desde que o vinil de horses passou a habitar meu lar ficou agora ainda maior. porque ela é uma brothagem, simplesmente.

uma das passagens que me emocionou é essa que vou transcrever, na qual ela faz uma descrição sobre sua chegada a nova iorque, onde ela viveu, durante vários dias, como mendiga.

o que mais me impressiona não é o fato de ela ter mendigado (claro que isso me impressiona também, não vou mentir - considerando-se, ainda, que sou objetivamente bem impressionável), mas sim como ela vivenciou isso da maneira mais poética possível e traduziu nesse discurso aqui:

I can't say I fit in, but I felt safe. No one noticed me. I could move freely. There was a roving community of young people, sleeping in the parks, in makeshift tents, the new immigrants invading the East Village. I wasn't kin to these people, but because of the free-floating atmosphere, I could roam within it. I had faith. I sensed no danger in the city, and I never encountered any. I had nothing to offer a thief and didn't fear men on the prowl. I wasn't of interest to anyone, and that worked in my favor for the first few weeks os July when I bummed around, free to explore by day, sleeping where I could at night. I sought door wells, subway cars, even a graveyard. Startled to awake beneath the city sky or being shaken by a strange hand. Time to move along. Time to move along.

taí a melhor aula sobre dignidade humana que já tive.

e que venha a virada do roteiro. time to move along.

24.11.11

plano brilhante


Querida nuvem
gentileza
nem que seja
apenas durante
o tempo em que se acalme
mãos ao volante
em mim o alvoroço

Agora ela volta a si
tudo bem, não foi antes
de eu, ô Debussy
meu calo dissonante
ver tudo que dela já ouço

eis o plano brilhante

21.11.11

madeira


madeira colorida
mas que doideira
achar assim, meio perdida
a estribeira da vida
digo mais
melhor ainda
se for numa cristaleira!
imagem daqui.

19.11.11

caetaneei, no meu sentido

você é linda
e
eu sou neguinha?

assim questionador
o sol do sábado de hoje
deixará saudade até
a próxima semana
quem diria inclusive
dançou balé
tudo bem que foi ensaio
mas não é sempre assim que estive
ora, boa tentativa afinal a dele
de iluminar mais sabaticamente
pra poder fazer jus àquele
nome que ele tem.

parabéns
não sei pra quem
mas é isso que sai agora
não é pra se ir embora sem ir além
por isso vai-te
seja lá o que fores,
toma aí essas flores,
compradas hoje em casa amarela,

boa sorte, pra ti
e pra elas.

9.6.11

valeu

cheguei bufando
tentei de tudo
e só aumentava.

sabe o que fiz?

voltei à parede

dessa vez pintei mesmo
é esse o verbo a conjugar
de verde
e com os dedos

não satisfeita
inventei uma música
gravei

e chamei de "i wish i could make things work out".

amanhã no trabalho com essa unha verde vai ser uma beleza!

31.5.11

ao pé do verso, um dedo de prosa: sobre o google reader

Sou uma pessoa que gosta de se comunicar. É verdade que nem sempre consigo, nem sempre posso; algumas (várias) vezes persisto inútil e redundantemente na vã tentativa de expressar-me, isso quando não me vejo simplesmente na encruzilhada da coerção para deixar de fazê-lo.

É uma beleza.

Sinto, porém, que as coisas vão melhorando. No gerúndio, sempre, como já mencionei por aqui. E que seja dito com todas as letras: devo muito dessa melhora a estas generalizações literais (e também metafóricas, lógico, que ninguém é de ferro. Nem de plástico. Sequer de plástico bolha (O mesmo não se pode dizer da poeira estelar: dessa aí viemos (sim!) e não há para onde correr.)).

Para finalizar (adoro verbos e respectivos nomes terminados em izar e izações - wonder why), quero dizer que, em nome da tão por mim prezada comunicação, passarei a utilizar (ha!) mais frequentemente um recurso  da Internet, sim; vou investir nessa ferramenta tão legal que é o sítio que mostra os Meus Itens Compartilhados do Google Reader.

Isso se deve a alguns fatores.

A encruzilhada da coerção me impede de nomear todos (assumo que a preguiça também). Mas uma coisa é certa: o google reader mudou minha vida.

O que na verdade é uma grande besteira, já que todo dia minha vida é mudada por coisas bem mais, hum, dignas, digamos assim (para não dizer menos nerds). É por isso que percebo que o google reader pode mais; mais que mudar minha reles vida. Ha!

O sítio vai ser como uma segunda página minha, com a diferença de que serão mostrados conteúdos de outros e outras, por mim compartilhados, como sói ser.

Mas o que há de verdadeiramente ser, esperemos e vejamos. Falemos e ouçamos.

Lato sensu, como quase sempre.

26.5.11

"Tee Kamel"*

No birô
De sono
Morrendo
De novo
Ocorre
Que agora
Às 14:05

Outra ocorrência
Há de se registrar
De forma
Alguma
Devemos usar
De 14:06
Como agora

Isso porque
De temporal
Causal
Modal
E local
Necessariamente
Nessa ordem
Já aprendi
E hei de saber
(viva o marketing
pessoal)

Mesmo quando
De sono dissonante
Mas menos que
Einstein e seu instante
Assim atual
Novamente viva
O automarketing pessoal

Não redundante
Sempre proporcional
O que agora me basta
Ao menos por ora
De hora em hora
Até às 17h
Em ponto.

Final

*(Ou "Um Chá das Cinco para o Camelo Sedento, Sintático e Sintético")

22.5.11

masculino, feminino, matutino

já são seis horas, meu bem
ou melhor, já são quase seis
horas, eu sei. enquanto isso
aquelas plácidas horas
leio nas odes de ricardo reis

é preciso dar um jeito, meu amigo
nas quase seis horas que já são
tanto caeiro quanto todas as crianças
defenderam dissertação
com direito a título e licença
de conselho e paciência comigo.

pobre plácido masculino
só com água, pão, café
e uma mera condição
de feminino,
se vê, obrigatoriamente,
preso e matutino.



Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos.
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.


Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,


Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...


A beira-rio,
A beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.


O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.


Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.


Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.


Girassóis sempre
Fitando o Sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

(Odes de Ricardo Reis)

19.5.11

vinil comprado na benedito calixto a R$2



pros sintéticos, acima, o youtube.

pros analíticos, abaixo, o dizer:

Eu Só Tenho Um Caminho
Se o rio em silêncio vai correr
Na mesma direção eu vou porque
Depressa em minha vida anoiteceu
Escureceu demais e eu não vi você
Eu só tenho um caminho 
(E não vou sozinho)
Vou mudar meu rumo
(Assim me acostumo)
Só se vive uma vez
(Ou menos de um mês)
Eu não posso ficar 
(Preciso mudar)
Neste lugar comum
(Neste lugar comum)

Sem medo, cedo ou tarde a gente tem
Que enfrentar eu sei, o que há de vir
Porém se num momento fraquejar
O vento irá soprar e o chão vai se abrir

Se alguém me seguir 
(Terá que sorrir)
Verá que eu não minto 
(Verá o que sinto)
Não pretendo esperar
(Você se lembrar)
Do que eu disse, o que eu fiz 
(E de tudo o que eu quis)

Eu, não, não, não... 
Eu só tenho um caminho
(E não vou sozinho)
Vou, eu vou, vou mudar meu rumo
Vou mudar meu rumo vou
Se alguém me seguir
Verá que eu não minto
Não pretendo esperar, não

Não pretendo esperar, não
Vou mudar meu rumo
Vou mudar meu rumo vou
Vou mudar meu rumo
Eu vou, vou seguir
Vou seguir meu caminho
Vou seguir, eu vou
E vou mudar... 

29.4.11

canto

em abril de 2011
canto a capela
sistina.

incrível como
de quando marina
deu no gato segundo
a doutrina alessândria
do jardim da infância
ficou
a essência.

26.4.11

Feliz 2011!

A partir de hoje (ontem?) passo a colaborar com o Nota PE, junto com um monte de gente interessante.

Vai ser lindo e melhor incentivo para voltar a fazer minhas pequenas generalizações não há.

Tudo tarda, tudo falha, mas este, O Primeiro Post De Dois Mil E Onze, no matter what, arrasou.

Gostaria de agradecer à Academia e a todos que ajudaram.

Sejam bem-vindos com hífen!
Até breve. :)