frases que venho grifando de amarelo ao longo da leitura de "água viva", no gerúndio, como o livro ensina - PARTE 1
cada coisa tem um instante em que ela é.
meus dias são um só clímax: vivo à beira.
sou o és-tu.
inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais.
o presente é o instante em que a roda do automóvel em alta velocidade toca minimamente no chão.
sou heroicamente livre.
domingo é dia de ecos.
escrevo-te porque não me entendo.
é-se. sou-me. tu te és.
não gosto do que acabo de escrever - mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu.
e isso é só o começo, neném.
3 comentários:
o twitter é a voz de quem tem voz e nao tem nada pra falar, ao contrário da arte que é a voz de quem tem muito pra falar
e nao tem voz
pichação na internet
O CONVENTO E AS JUJUBAS DE DEUS
Quando Lalina chegou na porta do convento das irmãs Violetas, ficou um pouco triste e pensou em gritar para que seus pais não a deixassem lá.
No caminho bucólico da cidade onde moravam até a cidade de campo em que o convento ficava, conversavam sobre sua estadia no convento.
- Vai ser só durante o tempo de escola, apenas para você aprender a ler, escrever, aprender contas...
- E se for chato?
- Não será, minha filha, prometo que não será.
- Olá, você deve ser a Lalina...
e Lalina se escondeu da freira-diretora do convento atrás de sua mãe.
- Ela é assim mesmo, meio envergonhada.
E entraram para que a irmã Salto mostrasse os recintos públicos do convento.
- Tem jujuba?, perguntou Lalina ao passar pelo refeitório, provocando risos de todos.
- Nós, as vezes, fazemos nossos próprios bolihos..., respondeu uma das irmãs.
Lalina e seus pais despediram-se, seus pais entraram no carro e tão somente andaram um pouco, as freiras mandaram Lalina entrar pra dentro do convento. (notem que apenas coloquei a redundância 'entrar pra dentro' porque rimaria com 'convento', e como Lalina gosta muito de rimas, decidi colocar).
- Você sabe varrer?
- Você sabe arrumar a cama?
- Você sabe lavar o chão?
- Você sabe lavar o banheiro?
- Você sabe rezar?
- Você sabe... o que mais irmã?
- ah, sim, você sabe cozinhar? sim, porque as mulheres tem que aprender a cozinhar, rezar, lavar, arrumar e varrer...
- Meu Deus, eu sou uma mulher =~
- (puchão de cabelo!) não use o nome de Deus em vão!
(será que posso pensar?)
(pois até o pensamento agente ouve)
GLUP...
Com o passar do tempo, durante as aulas, Lalina demonstrava muita desenvoltura em quase todas as matérias na escola do convento. A professora perguntava "Qual a raiz quadrada de 16?" e Lalina respondia "é 4, professora, que é o quadrado de 2, o primeiro número derivado, que dividido por si mesmo dá 1, o primeiro número primo". Ou se não nas aulas de língua portuguesa, com sotaque "blonde" e aromas agradáveis de chucrute e linguiã defumada, fazendo lindos poemas como:
ontem eu vi um gato
na esquina, hoje
o churrasqueiro vendia
o mastigar de uma menina
- muito lindo, Lalina!
- parabéns pelo bolinho que você cozinhou, Lalina!
- Lalilna, suas roupas estão muito cheirosas!
- Lalina, me ajuda com matemática
- Lalina, me ajuda com português
- Lalina, vamo no banheiro comigo eu to com medo
- Lalina, tá escuro
- Lalina, tá claro demais
- Lalina, tá frio
- Lalina, tá calor
- Lalina, to com saudades dos meus pais...
e Lalina parecia que tinha mais de um coração [e agora lendo (ou imaginando) o que escrevo, percebo que se parece demais com uma história qualquer da empresa de Walt, o Disney, não o Whitman, ou uma história de Franz, o Kafka, tcheco, não o Beckenbauer, alemão, campeão do mundo em 74 como jogador de futebol, e em 90, como treinador da seleção de seu país].
- Lalina, você tem sentimentos?
!BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! Eu quero minha mãe! Eu só tenho 9 anos! Alguém me ajuda! liga pra minha mãe pra eu ir pra casa!
E a irmã Dulce, uma das únicas que Lalina gostava, entrou de noite no dormitório, parecendo iluminar de forma serena a saudade que todas as crianças sentiam de suas casas.
- Milona, o que você sente quando lembra dos seus pais?
hm, que lindo, conte-me uma história em que vocês se divertiram pra gente.
- ...,...,... (risos contidos das meninas)
- e você, Sandidi, como foi a noite de Natal que você mais gostou? ...,...,...,...,...,...,
- Você comeu todos os brigadeiros? (risos gerais das meninas)
- E você Lalina, você gostaria de comer um brigadeiro agora?
- não irmã Dulce, eu queria mesmo era umas jujubas (risos gerais)
- vou tentar conseguir um pacote de jujubas pra você, Lalina. - disse a irmã.
A irmã Dulce se levantou e, tendo acalmado o ímpeto de saudade das crianças, deixou o dormitório.
As crianças se recolheram cada uma em suas camas, deitaram tranquilamente, pensando nas histórias que contaram à irmã Dulce e pras outras meninas, sonhando com aqueles dias.
Quando Lalina deitou, sentiu algo estranho debaixo do seu travesseiro.
- Gottjejeben!, balbuciou exclamando algo que tentou falar qualquer coisa mas saiu outra coisa qualquer.
Havia um pacote de jujubas debaixo do travesseiro de Lalina...
- Marina, meu bem, acorda, temos que trabalhar...
- tive um sonho bom,
- Sonhasse com que?
*27/12/2010
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